Paraná declara situação de emergência por estiagem prolongada

Produção agropecuária e abastecimento de água já são afetados; decreto visa prevenir o agravamento da seca

23.05.2025 | 15:31 (UTC -3)
Agência Estadual de Notícias, edição Revista Cultivar
Foto: Gilson Abreu
Foto: Gilson Abreu

O Governo do Paraná decretou situação de emergência em todo o estado devido à estiagem prolongada que se arrasta desde dezembro de 2024. A medida, publicada na quinta-feira (22) por meio do Decreto nº 10.047/2025, tem caráter preventivo e busca ampliar a capacidade de resposta do poder público frente à escassez hídrica, que já compromete o abastecimento urbano e a produção agropecuária, especialmente nas regiões centro, sudoeste e oeste.

Coordenado pela Defesa Civil estadual, o decreto mobiliza todos os órgãos do governo para ações de resposta, reabilitação e reconstrução nas áreas atingidas. A medida também flexibiliza processos istrativos, permitindo, por exemplo, a contratação emergencial de bens, serviços e obras com dispensa de licitação, desde que executadas em até 180 dias.

Segundo o coronel Fernando Schünig, coordenador da Defesa Civil, o decreto facilitará o o dos municípios a medidas de apoio como financiamentos de safra, liberação do FGTS, fornecimento de equipamentos e materiais. “O cenário é de baixos volumes de chuva até pelo menos outubro. Esse instrumento agiliza a chegada de recursos às regiões mais afetadas”, afirmou.

O monitoramento da seca vem sendo realizado desde o fim de 2024. Relatórios do Simepar e da Agência Nacional de Águas (ANA) indicam avanço da seca moderada nas regiões de Pato Branco, Foz do Iguaçu e Francisco Beltrão, reflexo de precipitações mal distribuídas e abaixo da média nos últimos meses. De acordo com o meteorologista Reinaldo Kneib, a ausência de chuvas regulares desde o verão tem relação com padrões atmosféricos locais, e não com fenômenos de grande escala como El Niño ou La Niña.

As previsões não são animadoras: maio deve encerrar com volumes inferiores à média histórica, e os próximos três meses também devem registrar baixa pluviosidade.

A situação também preocupa a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), que acompanha os níveis dos mananciais. Segundo a empresa, os reservatórios que estavam cheios em fevereiro já operam com 91% da capacidade e devem chegar a menos de 80% até setembro. “É um sinal amarelo. Precisamos economizar água e adotar o uso racional dos recursos”, alertou Julio Cesar Gonchorosky, diretor de Meio Ambiente da companhia.

Além de ampliar os investimentos em infraestrutura hídrica – cerca de R$ 2,5 bilhões desde a última crise –, a Sanepar reforça o apelo por medidas simples de economia, como reduzir o tempo de banho, reaproveitar água da chuva e consertar vazamentos.

Para o setor agropecuário, a estiagem já impõe perdas e desafios logísticos, principalmente para produtores que dependem de irrigação ou que lidam com culturas sensíveis à falta de umidade. Com a manutenção do clima seco, a preocupação se estende à próxima safra.

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