Novas cultivares de soja são apresentadas em Dia de Campo da Agrobrasília

Evento reuniu cerca de 530 produtores, técnicos e estudantes, que conheceram 68 cultivares de 16 empresas plantadas em uma área de 15 ha, além de produtos como insumos biológicos, fertilizantes foliares e adubos

24.02.2023 | 13:52 (UTC -3)
Embrapa
Pesquisador André Ferreira apresentou as características das três cultivares de soja da Embrapa; Foto: Breno Lobato
Pesquisador André Ferreira apresentou as características das três cultivares de soja da Embrapa; Foto: Breno Lobato

Participantes da Competição de Cultivares de Soja da Agrobrasília 2023, as variedades BRS 7981IPRO, BRS 7482RR e BRS 7080IPRO foram apresentadas pela Embrapa Cerrados em Dia de Campo realizado no PAD-DF, no Distrito Federal, no último dia 17. Promovido pela Cooperativa da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), o evento reuniu cerca de 530 produtores, técnicos e estudantes, que conheceram 68 cultivares de 16 empresas plantadas em uma área de 15 ha, além de produtos como insumos biológicos, fertilizantes foliares e adubos.

“A competição de cultivares da Agrobrasília é uma oportunidade de levarmos o trabalho da Embrapa em genética de soja para a visão dos agricultores da região, que vêm conhecer os nossos materiais pela primeira vez e compará-los a outras variedades disponíveis no mercado. Aqui estão os melhores obtentores de soja do Brasil e que atendem ao Bioma Cerrado”, disse Sebastião Pedro, chefe geral da Embrapa Cerrados, unidade de pesquisa responsável pelo desenvolvimento do programa de melhoramento genético de soja da Embrapa para o Centro-Norte do País. “É também uma oportunidade, em condições iguais às de outros obtentores, de medir o potencial produtivo das nossas variedades, apresentar as características benéficas de adaptação, de estabilidade, de resistência a fatores bióticos como pragas e doenças, e abióticos, como o estresse hídrico ou o excesso de chuva”, completou.

Sebastião Pedro lembrou que o Brasil expandiu a área de cultivo de soja em 2023, e a expectativa é de safra recorde, apesar da seca no Rio Grande do Sul. Ele estima que a região central do Brasil deverá ter uma safra recorde de soja não apenas em volume, mas também em produtividade. “Mas o desafio não é só produzir muito, mas produzir muito com sustentabilidade”, afirmou, destacando que as três cultivares apresentadas pela Embrapa Cerrados foram desenvolvidas para garantir produtividade e sustentabilidade ao negócio dos produtores.

Para o presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, a competição de cultivares, que já está na 13ª edição, já se tornou tradicional na região, e representa uma vitrine dos mais novos materiais disponíveis no mercado. “Os produtores utilizam o Dia de Campo como referência do que vão plantar no próximo ano. Eles podem comparar um material com o outro, entender o ciclo dos materiais e obter informações sobre as características e resistências. Assim, o evento tem um resultado prático importante para o produtor”, disse.

Diferentes opções para o produtor

Os diferenciais das três cultivares da Embrapa foram apresentados por André Ferreira, pesquisador da Embrapa Cerrados e coordenador do programa de melhoramento genético de soja da Embrapa para o Centro-Norte do Brasil. As variedades foram desenvolvidas em parceria com a Fundação Cerrados e a Fundação Bahia. 

Presente com Ferreira nas apresentações, o diretor técnico da Fundação Cerrados, Ilson Alves, explicou que a entidade é composta por diversas empresas sementeiras, algumas delas sediadas no DF e em municípios vizinhos, que ajudam a financiar as pesquisas: “São produtores de sementes de soja licenciados para produzir e comercializar as cultivares desenvolvidas no convênio com a Embrapa”.

Ferreira lembrou que os cruzamentos de plantas são realizados pela Embrapa a partir dos problemas apontados pelos produtores e considerando possíveis mudanças de cenário, vislumbrando o lançamento de cultivares em sete a 10 anos. “A parceria com as fundações e os produtores é uma via de mão dupla, e isso é fundamental. Estamos junto de vocês para planejar materiais que vão entregar produtividade e sustentabilidade ao produtor. É um melhoramento participativo”, ressaltou.

O pesquisador lembrou que a história da soja na região a pela história da Embrapa e a tropicalização da cultura no Brasil. “O ajuste das variedades para a região do Cerrado, que tem latitudes menores, foi feito por nós junto com outras instituições”, disse. No momento, o programa de melhoramento genético de soja da Empresa visa, além da produtividade, a diferenciais como a resistência a nematoides, pragas e doenças (inclusive as que ainda não foram identificadas no Brasil), bem como a tolerância ao déficit hídrico. Além de cultivares IPRO e RR, são desenvolvidas cultivares convencionais e com as tecnologias Xtend e Intacta2 Xtend.

Lançada em novembro de 2021, a cultivar BRS 7080IPRO é um material de ciclo superprecoce (cerca de 105 dias na região do DF), resistência ao nematoide de galhas Meloidogyne javanica, além de viabilizar a safrinha de milho no Brasil Central e o cultivo de algodão em sistemas irrigados no Oeste baiano. No DF e região, a população indicada é de 360 mil plantas/ha. “Nos experimentos em faixas, chegamos a alcançar mais de 100 sc/ha, então é um material que tem alto teto produtivo”, apontou.

Também lançada há pouco mais de um ano, a BRS 7482RR é uma variedade precoce, com resistência ao herbicida glifosato e que permite a safrinha de milho no DF e região. Apresenta resistência aos nematoides de cisto (Heterodera glycine) raças 1 e 3. “É um material que também vai entregar alta produtividade, já foi plantado nesta região e em áreas do Oeste baiano, onde o ciclo fecha em 100 dias, e de Mato Grosso, que permitem a segunda safra com algodão”. A população indicada é de 320 mil plantas/ha.

Já a BRS 7981IPRO foi desenvolvida sob condições de estresse hídrico, tendo sido selecionada no Oeste da Bahia. Apresenta ciclo médio (cerca de 120 a 125 dias no DF e região e em torno de 115 dias no Oeste baiano e em Mato Grosso). Apresenta elevado potencial produtivo e pode ser cultivada no Brasil Central, na região do MATOPIBA, no Tocantins e em Mato Grosso, estado onde é uma opção para o produtor que pretende plantar safrinha de milho. 

Ferreira explicou que, apesar de não trazer resistência a nematoides como as outras duas cultivares, a BRS 7981IPRO apresenta boa sanidade foliar e tem como grande diferencial a rusticidade, com raízes que se aprofundam no solo. “É um material que a veranicos acima de 15 dias com certa tranquilidade, pois vai entregar boas produtividades. No Oeste baiano, em regiões de solos mais arenosos, alcançou 80 sc/ha em condição de sequeiro”, apontou.

A BRS 7981IPRO também pode ser utilizada em sistemas de integração com outras culturas, como o sistema soja-cana, tecnologia que em breve será lançada pela Embrapa. A cultivar deve ser lançada ainda este ano.

Os interessados em adquirir sementes dessas cultivares devem entrar em contato com as fundações parceiras da Embrapa: Fundação Cerrados: (61) 3387-4175; Fundação Bahia: (77) 99822-8593

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