Produtor de milho está perdendo lucratividade com alta no câmbio em MT
A resistência à penetração na camada de 10 a 20 cm do solo é um dos principais fatores responsáveis pela redução da produtividade do algodão em Mato Grosso. Se a compactação vier acompanhada da infestação pelo nematoide Meloidogyne incognita o dano tende a ser ainda maior.
Essas informações foram obtidas em uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa, pelo Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) e parceiros. O trabalho analisou amostras em mais de 1.100 talhões nas principais regiões produtoras de algodão de Mato Grosso e correlacionou 78 parâmetros, bióticos e abióticos, com a produtividade do algodoeiro, em busca de causas para a redução da produtividade que tem sido observada nas lavouras.
Segundo o fitopatologista do IMAmt, Rafael Galbieri, em função do tamanho e complexidade dos trabalhos envolvidos, o projeto está sendo realizado graças à integração de especialistas de diferentes instituições (como o IMAmt, Embrapa e a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso – Aprosmat) e também à adesão maciça por parte dos agricultores associados à Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão), que vêm liberando áreas de coleta e informações pertinentes ao projeto.
Entre os itens avaliados estavam sistema de produção, cultivares utilizadas, produtividade, atributos químicos, físicos e biológicos do solo, presença de fitoparasitas, entre outros.
Verificou-se que 16% das áreas amostradas apresentam valores muito altos de resistência à penetração, sendo necessária a realização de alguma medida para descompactar o solo.
O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Ciro Magalhães explica que todos os solos são sujeitos à compactação, independentemente da textura. O excesso de revolvimento (aração e gradagem) e a entrada de máquinas em condições de alta umidade do solo são os principais fatores responsáveis pelo problema.
"A principal causa é o manejo intensivo do solo. A gradagem favorece a compactação porque está desagregando o solo. A capacidade de e de carga do solo fica menor. Se entrar uma máquina para fazer alguma operação (geralmente adubação ou aplicação de defensivos) em um solo revolvido, provavelmente ele não a a carga e ocorre a compactação", explica.
Nematoides - A pesquisa também indicou um aumento na incidência de nematoides nas lavouras, quando comparado a dados coletados há dez anos. As duas espécies com maior distribuição são o Pratylenchus brachyurus, presente em 96% das amostras, e o Meloidogyne incognita, encontrado em 23% das áreas analisadas. Também foram encontrados em menor proporção Rotylenchulus reniformis e Heterodera glycines.
De acordo com o trabalho, apesar de estar presente na maior parte das lavouras, o Pratylenchus não tem relação com a queda na produtividade do algodoeiro. Já o Meloidogyne incognita, causador de galhas nas raízes, está fortemente relacionado à baixa produtividade, sobretudo se a incidência ocorre em áreas de solo compactado.
"São causas independentes. Não é sempre que você tem compactação e nematoides. Mas sempre que tem compactação do solo e presença de Meloidogyne, os danos são maiores. São fatores aditivos. A planta tem pouco volume de solo para explorar e o nematoide ataca as raízes naquela área", explica o pesquisador e chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, João Flávio Veloso Silva.
A pesquisa mostrou que em solos classificados como argilosos, quando infestados por grande população deM. incognita, a produção de caroço de algodão por hectare chegou ter redução de 32 arrobas, ando de 277 @/ha para 245@/ha. O prejuízo foi ainda maior em solos classificados como de textura média. Neles, a produção média de 308 @/ha chegou a cair para 238 @/ha por influência de maior população do nematoide das galhas.
Alternativas - O uso de sistemas integrados de produção, com a rotação de culturas tem sido a principal alternativa apontada pelos especialistas para redução dos dois problemas. No caso da compactação de solo, o uso de plantas com sistema radicular mais eficiente, como crotalárias, nabo forrageiro e gramíneas são uma forma de aumentar a quantidade de poros no solo. Mas, em alguns casos, a compactação é tão intensa que exige a descompactação mecânica.
"A opção é entrar com o subsolador quebrando essa camada compactada. Mas não adianta descompactar e continuar produzindo do mesmo jeito. Tem de mudar a mentalidade, fazer rotação de culturas, usar plantas de cobertura, evitar revolver o solo para não permitir que volte a se compactar", alerta Ciro Magalhães.
Nesse sentido, o sistema plantio direto na palha configura-se como uma boa opção nos sistemas produtivos, uma vez que não há revolvimento do solo, permitindo a continuidade de poros de acordo com a decomposição de raízes mortas e com a ação da fauna e microfauna do solo.
Para a redução dos danos causados pelo nematoide Meloidogyne incognita, a melhor alternativa é a rotação de culturas utilizando cultivares de soja, milho e algodão resistentes ou tolerantes a essa espécie, ou ainda plantas não hospedeiras, como as braquiárias e alguns tipos de crotalárias.
"O uso de nematicidas para culturas de escala dificilmente é economicamente viável, porque as áreas são muito grandes e fica muito caro. A melhor alternativa para controlar nematoides em lavouras de escala é usando variedades resistentes e usando rotação de culturas. Isso é fundamental", explica o pesquisador João Flávio Veloso Silva.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura