Romeu Zema visita primeira fábrica comercial de biochar do Brasil

A fábrica foi inaugurada em Lajinha (MG), em abril deste ano, pela green tech sa NetZero; a empresa iniciará a construção de outras duas fábricas no Brasil em 2023

24.07.2023 | 10:14 (UTC -3)
Janaína Kalsing, edição Cultivar

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, visitou as instalações da primeira fábrica de biochar do Brasil, em Lajinha, e afirmou que vai atuar para que organizações que sequestram carbono tenham carga tributária zero. Entende, ainda, que deveriam até ter um “imposto negativo”.

“O mundo a por uma mudança radical no que diz respeito às mudanças climáticas. Deveria haver imposto negativo para quem tira carbono do ambiente”, frisou.

Zema se refere a iniciativas preocupadas com o sequestro de carbono da atmosfera, como a NetZero e os agricultores que atuam junto à green tech, responsável pela produção do biochar, um condicionador do solo que atua como uma “esponja de carbono” e ajuda na retenção de água e nutrientes de terras agrícolas, além de contribuir para a remoção de carbono da atmosfera. A startup tem um modelo premiado internacionalmente que alavanca o biochar para combater, em larga escala, as alterações climáticas e tornar a agricultura mais sustentável.

Durante a visita, Zema vestiu um colete da empresa e os equipamentos de segurança, percorreu os principais espaços da fábrica e viu como se dá a produção do biochar. Ao final do tour, tocou no carvão preto e se disse surpreendido com o processo de produção. “Estou extremamente satisfeito. O que precisamos, agora, é ter centenas de unidades como esta em todo o Estado. Vai ser questão de tempo, à medida que o valor desse produto ficar reconhecido e difundido. Dá muito orgulho saber que temos essa tecnologia inédita aqui em Minas”, pontuou.

Pedro de Figueiredo, cofundador da NetZero e CEO da NetZero Brasil, conduziu Zema pelas instalações. Além de responder a dúvidas do governador, também falou da necessidade de agricultores receberem incentivo do Estado. “Neste sábado, tivemos a oportunidade de demonstrar como o modelo da NetZero é efetivamente estratégico e inovador, aliando produtividade e sustentabilidade. Minas Gerais é um Estado chave para o desenvolvimento do biochar. O mundo está sedento por produtos que realmente respeitem o ambiente, e isso acontece aqui”, pontuou.

Além de Zema e da sua comitiva, participaram do evento funcionários da NetZero, representantes da comunidade e políticos locais. Fernando Cerqueira, presidente da cooperativa Coocafé, também acompanhou a visita à fábrica, localizada em frente à sede da Coocafé. A cooperativa reúne mais de 10 mil cafeicultores e parte deles fornece milhares de toneladas de resíduos de café à startup, que os transforma em biochar. Estes mesmos agricultores utilizam então o biochar nos seus campos para melhorar a produtividade das culturas e reduzir a utilização de fertilizantes, ao mesmo tempo que ajudam na remoção do carbono. “A parceria com a NetZero tem sido muito importante para nós porque estamos trabalhando com algo muito inovador. E estamos indo ao encontro de uma necessidade do planeta, que são produções mais sustentáveis, com resgate de carbono. A Coocafé sempre foi uma cooperativa inovadora, então, quando vimos o projeto da NetZero, demos as mãos e começamos a caminhar juntos. Os produtores também abraçaram a causa, e a produção de biochar já está sendo uma realidade. A presença do governador Zema vem corroborar todo esse trabalho”, avalia Cerqueira.

Em Lajinha, a fábrica tem capacidade para produzir cerca de 4.500 toneladas de biochar por ano, o que significa remover anualmente mais de 6.500 toneladas de CO2 equivalente da atmosfera – isso sem contar as emissões evitadas ligadas ao menor uso de fertilizantes químicos. Batizada de Guy Reinaud, em homenagem a um dos pioneiros do biochar, a fábrica foi inaugurada em abril deste ano e emprega diretamente 30 funcionários.

A instalação de Lajinha – a maior do mundo produzindo biochar a partir de resíduos agrícolas – confirma a dinâmica sustentada da NetZero desde a sua fundação, em 2021. Depois de operar com sucesso na fábrica-piloto em Camarões em 2022, a operação de Lajinha é a primeira instalação comercial da NetZero, com grandes melhorias de hardware e software. Mostra o potencial de replicabilidade do modelo da NetZero e confirma a relevância do biochar para os agricultores.

No início deste ano, a NetZero anunciou um aumento de capital de 11 milhões de euros, tornando-se a companhia de tecnologia em meio ambiente a alcançar o maior volume de recursos em uma Série A na Europa. Em 2022, a green tech foi reconhecida como um dos 15 projetos de remoção de carbono mais promissores do mundo no concurso internacional XPRIZE Carbon Removal, da Fundação Elon Musk. A NetZero vai iniciar a construção de outras duas fábricas no Brasil em 2023, uma delas em Brejetuba (ES), conforme a sequência do planejamento estratégico da startup para trazer escala ao biochar como uma solução climática e agrícola.

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